Marcelo decreta estado de emergência se Costa quiser prosseguir com o toque de recolher

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    Marcelo Rebelo de Sousa deve declarar o estado de emergência se António Costa manifestar a intenção de proceder ao toque de recolher nos concelhos identificados como críticos – até porque mais tarde o Governo terá margem para tomar medidas mais restritivas se necessário, apurou o Expresso. Segunda-feira será o Dia de Finados, mas também dia nacional de luto pelas vítimas da pandemia: aquela manhã, o Presidente da República receberá o Primeiro-Ministro às 10h30, para avaliar a instituição do estado de emergência, numa reunião que se realiza após a cerimónia nos Jerónimos de homenagem e evocação aos mortos por covid-19 (que em Portugal já conta com 2.507 vítimas, segundo os números deste sábado) , em que apenas as sete maiores personalidades participam do Protocolo Estadual.

    Logo a seguir ao encontro com o Primeiro-Ministro, Marcelo Rebelo de Sousa – que chegou a dizer ao Expresso que para medidas “radicais” era preciso haver consenso – vai ouvir partidos políticos sobre o estado de emergência (o PSD foi o único que já o fez manifestou o seu apoio). “Há medidas que eram mais fáceis de tomar há oito meses do que agora. O consenso parlamentar e social é necessário para que essas novas restrições sejam eficazes“, afirmou o presidente na semana passada. Em princípio, o presidente deve falar com o país mesmo na própria segunda-feira.

    A necessidade de decretar o estado de emergência, sabe o Expresso, está relacionada com a possibilidade de o Governo querer decretar o regredir nos municípios abrangidos – possibilidade em cima da mesa que foi apresentada aos partidos e parceiros sociais, mas que não chegou a consenso. Mas também servirá para que o Governo tenha mais segurança jurídica quanto a medidas como restrições à liberdade de movimento – como está acontecendo neste fim de semana, entre municípios, e até o dia 4 de novembro.

    O toque de recolher “jamais poderia ser adotado com os poderes constitucionais que o Governo possui”, referiu António Costa na conferência de imprensa que anunciou novas medidas de combate ao covid-19 no país. Embora o primeiro-ministro não seja entusiasta do toque de recolher, visto que aparentemente não tem demonstrado grande eficácia em outros países, a medida está sendo considerada, principalmente para reduzir o número de pessoas em circulação e limitar o efeito de festas noturnas e encontros mais amplos. nas famílias.

    Quando liberdade de movimento, o Governo esteve atento ao que disse Marcelo Rebelo de Sousa quando disse que a restrição às deslocações entre concelhos, “mais do que uma imposição é uma recomendação agravada”. Foi uma forma de mostrar que, como Presidente / jurista e constitucionalista, esteve ao lado daqueles que consideraram que a decisão não tinha a cobertura jurídica necessária. Mais do que isso, a insegurança jurídica deixaria o Governo sujeito a iniciativas como a do Chega, esta semana, que tentou através de uma medida cautelar acabar com as restrições à circulação neste fim de semana. Mas o tribunal rejeitou o pedido. Mais: o estado de emergência – é uma visão subscrita por Marcelo que vem de março, o Expresso sabe – permite, uma vez decretado, estender as medidas mais limitativas sem ter de reabrir uma discussão política.

    Em Belém, neste momento uma das preocupações é com o número de leitos nas unidades de terapia intensiva (UTI). António Costa apresentou um gráfico com 285 leitos UCI ocupados com covid-19 e 505 com outras doenças. De momento, existem apenas 70 leitos livres, que, segundo o presidente, segundo fonte próxima de Marcelo Rebelo de Sousa, no final de novembro poderão ser ocupados. Então, ou os pacientes com outras patologias passam a ser prejudicados – ou mesmo que esse número aumente, há um problema de recursos humanos, devido à escassez de equipes com capacidade para continuar garantindo a resposta. E mesmo o uso do setor privado não garante uma grande capacidade de resposta porque não é uma valência em que eles tenham muita oferta.

    Uma coisa é certa: pelo menos não haverá como voltar às medidas de contenção mais duras tomadas em março. Resta saber se será necessário que o início de dezembro – durante as férias – faça um confinamento mais duro, para que o Natal seja o mais normal possível. Mas mesmo para os legisladores, tudo ainda é incerto.

    Nota: texto atualizado às 12h40 com a informação de que o Presidente deve declarar estado de emergência se o PM quiser prosseguir com o toque de recolher

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