Com a votação ainda pendente em uma sessão virtual extraordinária, a maioria dos onze ministros da Suprema Corte decidiu contra os demandantes que argumentaram que os campeonatos sul-americanos representavam um risco inaceitável para a saúde.
No entanto, vários juízes ordenaram que o governo tomasse medidas de segurança adicionais.
“Cabe aos governadores estaduais e prefeitos estabelecer protocolos de saúde apropriados e garantir que eles sejam seguidos para evitar um ‘copavírus’ com novas infecções e o surgimento de novas variantes”, escreveu a juíza Carmen Lúcia em sua decisão.
Os três julgamentos em tribunal marcaram o último – e talvez o último – momento em que os organizadores estão determinados a ultrapassar esta edição do torneio internacional de futebol mais antigo do mundo, apesar dos obstáculos.
A Copa América, que já havia sido adiada por 12 meses devido à pandemia, quase foi desfeita quando os co-anfitriões originais Colômbia e Argentina fracassaram no último minuto – o primeiro por causa de protestos violentos contra o governo, o último por causa de um surto de Covid-19.
Depois que o relógio se esgotou para o jogo de abertura daquele domingo, o Brasil entrou como anfitrião de emergência para o torneio de dez nações na semana passada.
No entanto, a decisão é extremamente polêmica: o Brasil também sofre com a Covid-19, que depois dos Estados Unidos já ceifou quase 480 mil vidas.
Medo do aumento em Covid
O presidente de extrema direita Jair Bolsonaro, que regularmente desafiava os conselhos de especialistas sobre como conter a pandemia, deu sua bênção para sediar o torneio.
Mas os epidemiologistas alertam que o Brasil enfrenta atualmente uma nova onda de casos, dizendo que sediar um grande evento esportivo internacional pode alimentar o fogo ainda mais.
“É impossível descrever a loucura de ter um evento dessa magnitude aqui agora”, disse o especialista em doenças infecciosas Jose David Urbaez à AFP.
As petições do Supremo Tribunal Federal foram apresentadas pelo Sindicato Nacional dos Metalúrgicos, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) e pelo Partido Trabalhista (PT) do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, provável adversário de Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano que vem.
Eles argumentaram que o torneio ameaçava agravar a crise de saúde e “violaria os direitos fundamentais à vida e à saúde”.
Bolsonaro e a Associação Sul-americana de Futebol CONMEBOL insistem que o torneio é seguro.
As autoridades brasileiras estão exigindo que os jogos sejam disputados sem torcedores, incluindo a final em 10 de julho no Estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.
As equipes passam por um teste Covid-19 obrigatório a cada 48 horas. Sua mobilidade será restrita e você será fretado para os Jogos nas quatro cidades.
No entanto, o Ministério da Saúde retirou-se na segunda-feira dos planos de vacinar todos os jogadores, treinadores e funcionários contra a Covid-19.
O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que é tarde para garantir a imunidade e que os efeitos colaterais pós-vacinação “podem afetar o desempenho dos jogadores”.
Jogadores e patrocinadores insatisfeitos
Os organizadores enfrentam muitas reações adversas.
Dois dos principais patrocinadores, Mastercard e a gigante da cerveja Ambev, disseram na quarta-feira que retirariam suas marcas do torneio.
Uma terceira empresa de bebidas alcoólicas, a Diageo, surgiu na quinta-feira.
E muitos jogadores e treinadores têm criticado o evento, entre eles o uruguaio Luis Suarez, o argentino Sergio “Kun” Agüero e toda a seleção brasileira.
Neymar e sua equipe – assim como o técnico do Brasil, Tite – foram pegos de surpresa pelas notícias que seu país estava prestes a sediar e houve negociações para boicotá-los.
No final, eles pararam em frente a ela, mas foram contundentes em suas críticas à CONMEBOL.
“Somos contra a organização da Copa América”, disse um comunicado conjunto nesta terça-feira.