“Primeiro comprei, depois queimei”, escreveu Paulo Coelho em seu relato na plataforma do Twitter, comentando um vídeo em que uma dupla de apoiadores de Jair Bolsonaro rasgava e queimava um livro de escritor brasileiro.
“E o bigode do cara [vocabulário informal usado no Brasil para descrever pessoas do sexo masculino] não permite esconder a origem da ideia ”, acrescentou, numa alusão histórica à figura de Adolf Hitler.
Não. Primeiro eles compraram e depois queimaram. E o bigode do cara não esconde a origem da ideia … https://t.co/AYZ9V3dzKW
– Paulo Coelho (@paulocoelho) 29 de setembro de 2020
Vídeos de pessoas queimando livros de sucesso do autor brasileiro, como O Alquimista, publicado em 1988 e com mais de 150 milhões de exemplares vendidos em 70 idiomas, proliferou nos últimos dias entre os seguidores do presidente brasileiro.
Em quase todos os vídeos, Paulo Coelho é acusado de ser “comunista”, “socialista” e “antipatriota”, sendo convidado a viver “em Cuba ou na Venezuela” devido à sua postura crítica ao governo de Bolsonaro.
Paulo Coelho ri da sua mansão porque o dinheiro com a venda do livro já lhe caiu no bolso! https://t.co/uwHx873t60
– Mari (@maristrassximr) 29 de setembro de 2020
Paulo Coelho observou em outra mensagem no Twitter: “A queima de livros refere-se ao ritual de destruição pelo fogo e geralmente vem da oposição cultural, religiosa ou política aos materiais em questão. A queima de livros pelo regime nazista em 10 de maio de 1933 é o mais famoso da história. “
Queima de livros: destruição ritual de livros pelo fogo e geralmente procede de uma oposição cultural, religiosa ou política aos materiais em questão.
Abaixo: apoiadores de Hitler, maio de 1933
MEUS 2 POSTS ANTERIORES: Apoiadores do Bolsonaro, setembro de 2020 pic.twitter.com/i09ulhz8MS– Paulo Coelho (@paulocoelho) 29 de setembro de 2020
Paulo Coelho nasceu no Rio de Janeiro em 1947 e mora há anos em Genebra (Suíça), onde já estabeleceu residência.
Desde 1982, quando Arquivos do inferno, seu primeiro livro, foi publicado, o escritor escreveu cerca de 20 títulos.
Em 2002, Paulo Coelho foi nomeado membro da Academia Brasileira de Letras e desde meados de 2018, quando havia a sensação de que as eleições daquele ano seriam vencidas por Jair Bolsonaro, que o escritor é contra o avanço dos movimentos de extrema direita no Brasil e no mundo.