De ‘quebrar o Brasil’ a ‘país líder em desastre’, a imagem de Bolsonar na imprensa internacional – 25.05.2020.

De 'quebrar o Brasil' a 'país líder em desastre', a imagem de Bolsonar na imprensa internacional - 25.05.2020.

“Quebrar o Brasil” e “levar o país ao desastre” são algumas das previsões associadas à atuação do presidente, descritas como um dos poucos negadores da seriedade da pandemia, e sua atuação foi apresentada como uma das piores do mundo.

Entre domingo (24) e segunda-feira (25), vários meios de comunicação internacionais publicaram longos artigos e reportagens criticando fortemente a reação do presidente Jair Bolsonar à crise criada pelo novo coronavírus.

O brasileiro é descrito como um “líder vingativo”, com uma atuação “irresponsável e perigosa”, que investe seu tempo em brigas com juízes, parlamentares e “até os próprios ministros”, enquanto os governadores pedem ajuda.

“Quebrar o Brasil” e “levar o país ao desastre” são algumas das previsões associadas ao desempenho do presidente, descritas como um dos poucos negadores da gravidade da pandemia, e seu desempenho foi apresentado como um dos piores do planeta.

Quatro eixos principais fornecem contexto para os materiais publicados: um vídeo de uma reunião ministerial na qual Bolsonaro supostamente delineou sua intenção de interferir nas investigações contra familiares e entes queridos, a gestão ambiental do governo em meio a uma pandemia, um veto imposto pelo aliado Donald Trump na entrada dos EUA. nas pessoas que estavam no Brasil e a insistência do presidente brasileiro em reduzir a pandemia e incentivar aglomerações públicas.

Diferentemente da narrativa do governo, que geralmente atribui críticas à esquerda, as análises negativas também contêm páginas de veículos tradicionalmente conservadores, como o jornal britânico The Telegraph.

O mesmo vale para os ícones mundiais do liberalismo econômico celebrados pelo ministro Paulo Guedes (economia) e pelo filho do presidente Eduardo Bolsonaro, como é o caso do jornal Financial Times.

Na manhã desta segunda-feira, em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente foi questionado por um fã sobre a imagem negativa de sua administração no exterior.

“A imprensa mundial é de esquerda”, insistiu o líder brasileiro, citando o presidente dos EUA mais uma vez. Discordando de Bolsonar, Trump descreveu o Brasil como o alvo de um “surto”, um “golpe duro” e que vive um “momento difícil” em meio a uma pandemia.

“Trump também sofre muito nos Estados Unidos”, disse o presidente brasileiro.

Financial Times

A publicação mais comentada na segunda-feira vem do jornal britânico Financial Times.

O artigo, assinado por Gideon Rachman, colunista chefe de assuntos internacionais do jornal, aponta na manchete que “o populismo de Jair Bolsonar está levando o país ao desastre”.

O texto compara as respostas de Bolsonar e Trump à pandemia, classificando o brasileiro como “ainda mais irresponsável e perigoso”.

O texto cita a “obsessão de dois líderes por suas supostas propriedades medicinais” como hidroxicloroquina. “Mas enquanto Trump está simplesmente tomando drogas, Bolsonaro forçou seu ministério da saúde a lançar novas diretrizes recomendando a droga para pacientes com coronavírus”.

O paralelo é repetido em relação ao apoio a protestos contra medidas isolacionistas. Trump, de acordo com o texto, expressou condolências aos manifestantes. Bolsonaro foi além e participou das ações.

O especialista conclui que o Brasil será seriamente afetado pelo problema econômico e social, porque a doença está se espalhando por todo o país. Para Rachman, “Bolsonaro claramente não é o culpado pelo vírus”, mas a “resposta caótica que lhe permitiu sair do controle”.

O texto aponta para um paradoxo em sua conclusão – apesar da liderança presidencial que aprofunda a crise no país, ele pode ajudá-lo politicamente – já que o vírus impede manifestações em larga escala, como as registradas durante os impérios de Dilma Rousseff.

Para o analista, “Bolsonaro consegue uma política que compartilhe”.

“A morte e o desemprego causados ​​pela covid-19 pioram a liderança de Bolsonaro. Mas, inversamente, uma catástrofe econômica e de saúde pública pode criar um ambiente ainda mais favorável para uma política de medo e irracionalidade”, diz o autor, em artigo de jornal inglês.

O telégrafo

O jornal conservador The Telegraph vai mais longe e diz que Bolsonaro pode ser conhecido como “o homem que quebrou o Brasil”.

O texto cita declarações recentes do presidente, que classificou a pandemia como “histeria” e “resfriado” e disse que estaria imune aos sintomas mais graves da doença graças a “atletas esportivos”.

“Dois meses e 340.000 casos confirmados depois, um pequeno resfriado matou pelo menos 20.000 brasileiros e provavelmente muitos mais”, afirmou o jornal.

O Telegraph destaca o Brasil como o novo epicentro global da pandemia “, que registra uma média diária mais alta do que em qualquer outro lugar do mundo”.

O texto diz que os problemas com o Bolsonar não param por aí e cita vídeos da reunião ministerial – “um escândalo que pode levar ao impeachment”, escreve o jornal.

Ainda segundo o relatório, a estratégia de Bolsonar não se encontra em nenhum outro lugar do mundo – “o presidente incentiva uma cultura de assédio e desprezo por quem pensa de maneira diferente”.

“Um líder ciumento e vingativo que lidera uma nação em crise”, o artigo descreve um relatório de fontes governamentais em Brasília.

NYT

Nos EUA, o New York Times destacou o veto de Trump a viajantes do Brasil.

“Enquanto os hospitais estão em colapso e os governadores estão implorando por ajuda, Bolsonaro passou os últimos meses lutando contra a Suprema Corte, o Congresso e até seus ministros”, escreve o jornal. “Agora ele se vê como alvo de uma investigação sobre se protegeu sua família de investigar a corrupção.”

O NYT ressalta que o presidente brasileiro está registrando uma queda na aprovação, enquanto a pandemia no país permanece fora de controle.

Segundo o jornal americano, o bloqueio de aliados como Trump está dificultando a ação do bolsonar, que “tentou repetidamente ganhar capital político com sua afiliação ideológica ao presidente americano”.

“O potencial de transmissão não detectada do vírus de indivíduos infectados que tentam entrar nos Estados Unidos a partir do Brasil ameaça a segurança do nosso sistema de transporte e infraestrutura e a segurança nacional”, diz uma proclamação assinada por Trump no fim de semana.

O veto, que está em vigor desde 29 de maio deste mês, deixa cidadãos dos EUA e estrangeiros com vistos de residência permanente, entre outras exceções.

Um documento da Casa Branca cita dados de uma pandemia no Brasil para justificar a medida e avaliação dos Centros de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) de que o país está passando por uma ampla transferência de dados 19.

A porta-voz da Casa Branca, Kayleigh McEnany, disse que as novas restrições ajudariam a impedir que estrangeiros trouxessem infecções adicionais para os Estados Unidos, mas não se aplicariam ao fluxo de comércio entre países.

“Bolsonaro se viu repetidamente insidioso pelo governo dos EUA”, lembra o jornal, referindo-se às ameaças de Trump de aumentar os impostos sobre produtos exportados pelo Brasil e à possibilidade de veto à entrada do Brasil na OCDE.

Outros veículos

Outros meios de comunicação como Reuters, Newsweek, The Guardian, da Grã-Bretanha, e o portal econômico Business Insider também dedicaram artigos que refletem más notícias relacionadas ao Brasil.

Nesta segunda-feira, uma das manchetes do Business Insider aponta na manchete que “os povos indígenas no Brasil estão em risco de ‘genocídio'”, indicando taxas de mortalidade mais rápidas do que o resto da população.

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