Caco Ciocler, diretor de ‘Partida’: “Meu maior medo era não ter um filme” – 26.06.2020.

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Caco Ciocler não tem medo do perigo. Dedicado às câmeras há mais de duas décadas, um dos atores mais consistentes do país embarcou em uma aventura de correr riscos como diretor, escrevendo sua visão no documentário “Partida”. E foi literalmente uma aventura.

Filmado sozinho, o filme acompanha Caca e um grupo de amigos, alguns mais próximos, outros menos, em uma viagem de ônibus de São Paulo ao Uruguai. O gatilho é o desejo da atriz Georgette Fadel de: a) lançar sua candidatura à presidência do Brasil em 2022 eb) conhecer o ex-presidente José Mujica.

Eu digo que “Partida” é um documentário no sentido mais amplo da palavra, porque é um registro da jornada de uma trupe. O filme, no entanto, tomou forma, traçando alguns paralelos constrangedores com a vida deste lado das câmeras. Sua produção começou há quase dois anos, no auge da polarização que sofreu as eleições presidenciais no Brasil, ao mesmo tempo em que vivia a vigília em torno da prisão do ex-presidente Lula.

ônibus de partida - Pandora - Pandora

‘Partida’, um documentário de Caco Cioclera

Pandora

Através de extensa pós-produção, “Partida” foi lançado em plataformas digitais, e o Brasil fica ainda mais dividido após a eleição Jair Bolsonaroe ainda está experimentando os efeitos da quarentena longa, necessária para desacelerar coronavírus.

Falei com Caco pouco antes do lançamento do filme para entender, digamos, a “futurologia” de fazer um filme sobre pessoas presas em uma viagem, cujo final ficou claro apenas quando saiu, lançado agora que as pessoas estão presas, igualmente inconscientes de como para formar uma luz no fim do túnel.

“O que me motivou foi o medo”, disse ele a certa altura. “Medo de sair em viagem, produzindo ‘Departure’ e, finalmente, nenhum filme”. Embora houvesse um rascunho do roteiro, a natureza do documentário foi encontrada ali, na estrada, em conflitos que surgiram organicamente e outros que precisavam de algum incentivo. “Quase todo mundo era ator, então eu esperava que no final o material tivesse uma riqueza dramática e narrativa”.

Missão cumprida! Como pode não ser no Brasil contemporâneo, “Partida” em seus diálogos reflete os anseios e preocupações muito reais deste lado da câmera. Ainda assim, ele fica com momentos de tensão enquanto atinge o pico. É como acompanhar as conversas de amigos queridos sobre assuntos tão urgentes, testemunhar um aumento de temperatura e esperar que no final o apego seja maior que a dor.

E assim foi, capturando em um feliz acidente o país em que vivemos hoje, Caco Ciocler encontrou sua voz, revelando ao longo do caminho a complexidade da vida daqueles que optam por contar uma história com uma câmera na mão. É apenas uma conversa sobre seu processo criativo, cultura, política e o papel da arte no Brasil hoje e como você sempre encontra em minha entrevista com o atual diretor.

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