A principal solução para o controle da transmissão do novo coronavírus (SARS-CoV-2) é a rápida identificação dos pacientes infectados, inclusive os assintomáticos, e a indicação de quarentena para essas pessoas. No entanto, essa medida esbarra em um grande desafio: como testar milhares ou milhões de pessoas para COVID-19 de forma eficiente, barata e rápida? A solução pode estar no teste de lote com base na metodologia piscina, amplamente utilizado na China.
Entre as regiões que aderiram ao método, a cidade chinesa de Qingdao testou seus 11 milhões de habitantes em cinco dias e conseguiu prevenir um novo surto de coronavírus no país. A ação foi iniciada em 11 de outubro, depois que autoridades de saúde identificaram 12 casos iniciais de COVID-19 associados a um hospital que atende pacientes do exterior. Para tornar possível esse teste abrangente, a Comissão Nacional de Saúde da China conduziu testes de coronavírus em lotes de dez pessoas.
Assim, as autoridades locais puderam rastrear e isolar os casos positivos rapidamente. E para controlar o surto logo no início, a cidade de Qingdao também foi dividida em setores para facilitar a coleta de amostras e novos laboratórios foram instalados em tendas infláveis. Quatro dias após o início do teste, apenas um caso de COVID-19 foi registrado. Atualmente, o contágio da infecção viral está controlado na região.
Como funcionam os testes em lote?
Neste modelo de teste de grupo, duas amostras de nasofaringe (nariz) são coletadas de cada indivíduo sem sintomas para COVID-19. Enquanto uma amostra é armazenada, a outra é testada, em tempo real, coletivamente no método RT-PCR, considerado o exame padrão ouro para o coronavírus. Ou seja, as amostras do grupo são analisadas em conjunto e os resultados saem em 24 horas.
Se essa amostra coletiva de vias aéreas der positivo para coronavírus, confirma-se que uma (ou algumas) das pessoas daquele grupo está infectada. Assim, são realizados testes individuais nas amostras que foram armazenadas até a identificação do paciente ou dos enfermos. Durante esta investigação, todo o grupo permanece isolado. No caso do “grupo teste negativo”, todos são liberados no primeiro teste.
Testes COVID-19 no Brasil
Na verdade, essa técnica de teste em massa também está disponível no Brasil, e a startup catarinense BiomeHub já testou 20 mil pessoas em Florianópolis. Aqui, os testes de pacientes assintomáticos são feitos em grupos de 16 pessoas. No momento em que o Brasil vive de redução de casos, essa pode ser uma boa medida de controle para evitar novos contágios.
“Nesta etapa de retomada, é a realização de protocolos de segurança, juntamente com testes em massa de forma recorrente, que nos permitirá isolar os indivíduos infectados mais rapidamente. Nesse contexto, chamo a atenção para os infectados assintomáticos, que são os casos mais críticos no controle da disseminação do vírus ”, explica o médico em Genética e Biologia Molecular e CEO do BiomeHub, Luiz Felipe Valter de Oliveira, sobre a importância do a tecnica.
Segundo o especialista, é possível estimar que, para cada indivíduo assintomático identificado de forma preventiva e isolada, entre duas e quatro pessoas estão protegidas da contaminação pelo coronavírus. “Infelizmente, nosso sistema de saúde [brasileiro] não apóia o teste em massa de pacientes assintomáticos com estratégias tradicionais de RT-PCR ”, comenta Oliveira.
No entanto, isso não impede que iniciativas como essa sejam desenvolvidas em algumas áreas ou setores da economia. Por exemplo, uma escola pode adotar essa estratégia para garantir a segurança de seus alunos e professores durante a retomada, pois identificará possíveis casos assintomáticos. A capacidade atual de testes desse método no laboratório da empresa, em Florianópolis, é de 500 mil testes por mês.
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