* por Rui Pedro Paiva

O Santa Clara venceu o Marítimo por 2 a 0, na primeira rodada da I Liga. Num jogo em que não faltou criatividade, foi Thiago Santana quem resolveu o encontro com dois golos que selaram a vitória da equipa açoriana, que foi sempre a formação que mais procurou apontar para o golo adversário.

E 202 dias depois, o futebol ao mais alto nível regressou aos Açores. A cobiçada pandemia de 19 tirou o Santa Clara dos Açores na reta final da última temporada e os açorianos deslocaram-se ao continente para jogar como visitantes na Cidade do Futebol. A última vez que o Santa Clara jogou no estádio São Miguel foi a 2 de março, nessa altura com uma derrota frente ao FC Porto (2-0).

O regresso dos açorianos ficou marcado pelo aniversário do adversário da ilha: o Marítimo que este domingo comemora 110 anos. Com tanto a comemorar, as duas equipes mostraram intensidade no início da partida. O Marítimo, mais forte e apressado, arrancou os primeiros minutos a tentar apoiar o Santa Clara “nas cordas”.

Após o fôlego inicial, o jogo se equilibrou, tornando-se uma grande batalha no meio-campo pela disputa pela posse de bola. O Santa Clara entrou em campo e recuperou a posse de bola, mas, para chegar à baliza adversária, os açorianos recorreram a bombeadas para a área que a defesa marítima estava a resolver com mais ou menos dificuldade. A primeira jogada perigosa do jogo veio aos 19 minutos, através de uma bola parada. Osama Rashid, na zona central, chutou direto no gol para uma defesa cuidadosa de Abedzade.

Ao longo dos minutos, o Santa Clara assumiu a responsabilidade do jogo, dominando a posse de bola, tentando penetrar no meio campo adversário. Um domínio que não se materializou em movimentos de meta. Na frente encontrou um Marítimo mais recuado, com as linhas muito próximas e com um bloco compacto que ia travando as iniciativas açorianas.

A equipa do Vidigal procurou ser cirúrgica na hora de sair para o ataque, fazendo-o através de rápidas transições ofensivas. Depois de estar lá na frente, o Marítimo encontrou um recurso para trazer perigo ao gol de Marco: os arremessos, bombardeados constantemente para a área adversária.

A equipa madeirense fez duas jogadas perigosas na primeira parte, ambas de Correa, ambas de bola parada. Aos 38 minutos, Correa, esteve perto de fazer um escanteio direto. A atenta defesa de Marco valeu para os açorianos. Mesmo aos 45 minutos, através de um livre vindo do «meio da rua», encostado à direita, o marítimo surpreendeu a todos com um remate em arco que acertou no fundo da rede. Surpreendeu a todos, exceto Marco, que respondeu novamente com uma defesa crucial. Ainda assim, de um lado para o outro, as oportunidades de gol no primeiro tempo foram escassas.

A ênfase da primeira parte foi transferida para a segunda. O Santa Clara com mais bola, jogando no meio campo do adversário, mas sem conseguir furar a muralha madeirense. Santa Clara faltou criatividade – e o encontro.

Para compensar a criatividade, veio a força de vontade. Numa das poucas vezes em que o Santa Clara conseguiu ultrapassar o bloco adversário, ele marcou. Aos 57 minutos, Mansur (que até então estava pouco inspirado) foi um guerreiro na ala esquerda, venceu o lance para os adversários, cruzou para a área e Santana, mais rápido que os centrais madeirenses, disparou para o fundo da baliza. O marcador foi desbloqueado.

O Vidigal entrou em um Milson e Rodrigo Pinho sentados para tentar mudar o rumo do jogo. O Marítimo subiu ao solo e tentou chegar à baliza açoriana. Várias bolas bombardeadas, sem muita objectividade, colocaram a defesa açoriana na direcção.

Aos 66, após escanteio, o Marítimo esteve perto do gol após forte cabeceamento de Jean Cléber. Grande defesa de Marco, que garantiu a vantagem para a sua equipa. A esta altura, quando o Marítimo carregava, Lito Vidigal foi expulso devido a protestos após o guarda-redes do Santa Clara ter recebido assistência médica no relvado.

Numa altura em que o Marítimo tentava subir ao campo, cabia ao Santa Clara marcar. Thiago Santana novamente aos 71 minutos. O guarda-redes dos açorianos aproveitou um cruzamento de Carlos Júnior para voar entre o centro e cabecear para o fundo das redes.

Aos 76 anos, Carlos Júnior teve oportunidade de selar definitivamente a vitória açoriana, mas foi perdulário. Totalmente isolado, após brinde da defesa do Marítimo, permitiu a defesa do guardião madeirense.

Até ao final do encontro o Marítimo tentou o ataque, mas o Santa Clara manteve a organização defensiva e procurou manter, sempre que possível, a posse de bola, aguardando o apito final de Manuel Mota.

By Carlos Henrique

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