Portugal é um país envelhecido, com idosos a viver sozinhos, com poucas poupanças e onde o trabalho é precário, os empregadores e empregados têm baixa escolaridade e há poucas mulheres na polícia.
O “Retrato de Portugal na Europa” – edição de 2020 – é uma publicação lançada pela Pordata, a base de dados estatística da Fundação Francisco Manuel dos Santos, na data do Dia Europeu das Estatísticas.
A publicação, que reúne dados do Eurostat, gabinete de estatísticas da União Europeia (UE), compara, sempre que possível, vários indicadores socioeconómicos de Portugal com os restantes 26 Estados-Membros, nomeadamente população, rendimento, educação, saúde, emprego, protecção social , macroeconomia, ciência e tecnologia, meio ambiente, energia, turismo, justiça e segurança.
As estatísticas mais atuais disponíveis incidem sobre os anos de 2018 e 2019 (com exceção das relativas à proteção social, que remontam a 2017).
Em 2018, Portugal tinha 157 idosos (com 65 ou mais anos) por 100 jovens (com menos de 15 anos), ultrapassando a média da UE de 27 países (132 idosos) e ocupando o terceiro lugar na tabela, liderado pela Itália ( 171 idosos).
O país subiu para a segunda posição em 2019, com 55% dos agregados familiares unipessoais com 65 ou mais anos, superando a média da UE de 40%. Neste item, a Croácia é o país que tem mais idosos morando sozinhos (66% dos domicílios) e a Suécia menos (13%).
De uma forma geral, porém, independentemente da idade, Portugal apareceu em 2019, ao lado da Croácia e da Eslováquia, na parte inferior da tabela dos países com agregados familiares de uma única pessoa (23%), enquanto a Suécia na primeira posição (57%), transpondo a Média da UE (35%).
Em 2019, Portugal liderou o pódio em termos de percentagem de empregadores e empregados sem ensino secundário ou superior, com 47,4% e 39,8%, respetivamente (a média europeia foi de 16,3% em ambos os casos).
O país manteve-se no pódio, mas caiu para a terceira posição, com 20,8% da população ocupada com contrato de trabalho temporário (Espanha ocupava o primeiro lugar com 26,3%, sendo a média da UE de 15,0%).
De acordo com as estatísticas, Portugal era em 2019 o sétimo país com maior número médio de horas de trabalho semanais (35,6 horas para trabalhadores dependentes, sendo a média da UE de 29,9 horas). Neste domínio, a Polónia foi o país que mais horas de trabalho semanais despendeu (38,0) e a Alemanha menos (25,6).
O sétimo lugar é também ocupado por Portugal no que diz respeito à taxa de abandono escolar precoce, que, em 2019, era de 10,6% entre os jovens dos 18 aos 24 anos que não concluíram o ensino secundário (a média da UE de 27 era de 10,2%, com Espanha no topo, com 17,3%).
A percentagem da população residente em Portugal sem ensino secundário ou superior (idade entre 25 e 34 anos) foi, no ano passado, a terceira mais elevada (24,8%) de um quadro novamente liderado por Espanha (30,2%).
Portugal era também, em 2019, o terceiro país com mais consumo privado e dívida das administrações públicas em percentagem do Produto Interno Bruto (64,1% e 117,7%, respetivamente), numa lista encabeçada, em ambas as situações, pela Grécia (68,0 % e 176,6%, respectivamente).
No ano passado, a maioria das empresas em Portugal (com 10 ou mais pessoas empregadas) possuía website (59%), mas o país encontrava-se nas três piores posições, atrás da Dinamarca, no topo (94%), e da média da UE (77 %).
Portugal inclui também as três piores posições em termos de número de agregados familiares com ligação à Internet (81%), atrás dos Países Baixos, na liderança (98%), e da média europeia (90%).
Embora em 2018 seja o quinto país com mais polícias por 100 mil habitantes (451), Portugal é o que tem, no mesmo ano, menos mulheres na polícia (8,1%), ao contrário da Lituânia (39,3%).
Ainda de acordo com as estatísticas, Portugal era, em 2018, um dos sete países com menores emissões de gases com efeito de estufa ‘per capita’, com 6,6 toneladas de dióxido de carbono equivalente (contra 17,3 no Luxemburgo, no topo da tabela, e 8,4 da média da UE).
No mesmo ano, embora Portugal fosse o terceiro país com mais médicos por 100 mil habitantes (515), superando a média europeia (378), era um dos oito com menos leitos em hospitais por 100 mil habitantes (345), em uma tabela em que o “campeão” foi a Bulgária (757).
Em 2018, Portugal era o quinto país que mais gastava com saúde, setor que representava 5,3% das despesas totais das famílias (a Bélgica lidera com 6,6%), e o quarto com mais nascimentos de bebés fora do país. casamento (55,9%), depois da Eslovênia, Bulgária e França (líder, com 60,4%).
No mesmo ano, Portugal era um dos sete países onde as famílias menos poupavam (7,1%), ao contrário do Luxemburgo, o país com menos poupanças (21,9%).