Um estudo realizado pelo Departamento de Medicina da Emory University em Atlanta, EUA, sugere que mais da metade das pessoas que tiveram sintomas graves de Covid-19 desenvolveram um tipo de anticorpo que, em vez de atacar o vírus, ataca o próprio corpo, chamado autoanticorpos.

Os pesquisadores analisaram os prontuários médicos de 52 pacientes da Covid-19 hospitalizados em terapia intensiva (UTI). Eles observaram que, embora nenhum deles tivesse histórico de doenças autoimunes, doenças nas quais o paciente possui anticorpos que atacam o próprio organismo, mais da metade apresentou resultados positivos para autoanticorpos.

Tal fato, de acordo com a publicação, ajudaria a entender porque alguns pacientes apresentam sintomas persistentes, mesmo após meses de recuperação de Covid-19.

O imunologista Matthew Woodruff, o principal autor do artigo, disse que, embora as descobertas levantem novas preocupações, há questões que os dados não revelaram.

“Embora os pacientes com doença grave exibam claramente respostas de autoanticorpos, os dados não nos dizem até que ponto esses autoanticorpos contribuem para os sintomas mais graves de Covid-19”, escreveu Woodruff em um artigo publicado na plataforma científica The Conversation.

O pesquisador destacou ainda que o estudo não foi capaz de responder quanto tempo os autoanticorpos duram e alertou que os anticorpos produzidos por futuras vacinas contra Covid-19 eles não agirão da mesma forma como verificado no estudo.

“É importante notar que acreditamos que as respostas autorreativas que identificamos aqui são específicas para a infecção por SARS-CoV-2 e não há razão para acreditar que resultados semelhantes seriam esperados através da vacinação contra o vírus”, explicou Woodruff.

O estudo foi publicado nesta quarta-feira (28) na plataforma científica MedRxiv e ainda não foi revisado pela comunidade científica.

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Os cientistas explicam que os autoanticorpos são vistos em doenças autoimunes como o lúpus ou em doenças crônicas como a artrite reumatóide. Pacientes com lúpus, por exemplo, costumam ter anticorpos que têm como alvo seu próprio DNA – as moléculas que compõem o genoma humano.

Em setembro, um estudo anterior ao americano, realizado pelo consórcio internacional Covid Human Genetic Effort, já havia identificado autoanticorpos em pessoas infectadas pelo coronavírus.

Publicado pela revista “Sicence”, o estudo mostrou que pelo menos 1 em cada 10 pacientes gravemente enfermos com Covid havia produzido autoanticorpos. O mesmo não ocorreu entre os pacientes assintomáticos ou com sintomas leves.

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By Gabriel Ana

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