Os painéis solares flutuantes poderiam contribuir para a proteção do clima?

Muitos países estão convertendo para painéis solares energia mais limpa. Mas a tecnologia requer áreas muito maiores do que as tradicionais usinas de combustível fóssil para gerar a mesma quantidade de eletricidade. Uma solução emergente para economizar espaço é deixar os módulos flutuarem em corpos d’água: floovoltaicos. Os cientistas acreditam que esta nova abordagem pode ajudar a escalar a energia solar globalmente e combater as mudanças climáticas, mas seu impacto ambiental é amplamente inexplorado.

O primeiro sistema voltaico flutuante comercial do mundo foi instalado em um Lagoa de irrigação em uma vinícola da Califórnia em 2008. Desde então, usinas maiores avaliadas em centenas de megawatts foram construídas em lagos e reservatórios Chinae mais estão planejados Sudeste da Ásia e Brasil.

“Floatovoltaics é uma das tecnologias de geração de energia de mais rápido crescimento hoje e uma promissora fonte de energia de baixo carbono”, disse o ecologista do ecossistema aquático Rafael AlmeidaProfessor assistente da University of Texas Rio Grande Valley.

Almeida explicou que os painéis flutuantes seriam idealmente colocados em corpos de água artificiais, como canais de irrigação e reservatórios de usinas hidrelétricas, e não ocupariam terras que poderiam ser usadas para santuários de vida selvagem ou produção de alimentos. Acima de tudo, os reservatórios das usinas hidrelétricas têm a vantagem de já contar com infraestrutura para distribuição de energia elétrica.

Almeida e seus colegas calcularam o potencial de países ao redor do mundo para usar tensões de flutuação com base na área de seus reservatórios hidrelétricos. Eles descobriram que os países da África e da América têm o maior potencial de geração de energia por meio da tecnologia. O Brasil e o Canadá, por exemplo, podem se tornar líderes nesse setor, pois precisarão de apenas cerca de 5% de cobertura de reservatório até meados do século para atender a todas as suas necessidades de energia solar. Os cientistas apresentarão seus resultados em 12 de dezembro de 2018 Conferência de outono 2022 da AGU.

Um reservatório que serve a cidade de Walden, Colorado apresenta um sistema voltaico flutuante de 208 painéis. Crédito da foto: Dennis Schroeder/NREL, CC BY-NC-ND 2.0

Avaliação do impacto ambiental

“Devemos considerar seriamente todas as opções para aumentar a produção de energia de baixo carbono, minimizando a intensidade do uso da terra”, disse Almeida. “Mas também precisamos entender como reduzir impactos sociais e ambientais indesejados”, acrescentou, explicando que ainda sabemos pouco sobre o impacto de cobrir grandes áreas de água com painéis solares.

Regina Nobre, um ecologista de água doce da Universidade Paul Sabatier em Toulouse, França, concorda. Nobre não participou da pesquisa recente, mas faz parte de um grupo que acaba de iniciar um trabalho pioneiro para monitorar o impacto ambiental da flutuação voltaica em antigos lagos de cascalho na Europa. Esses poços foram originalmente cavados para mineração, mas naturalmente se enchem de água do rio quando abandonados e abrigam uma grande variedade de vida aquática. Nobre ainda não tem resultados, mas acredita que as evidências de seu estudo de impacto ambiental serão cruciais para os formuladores de políticas.

“Essa tecnologia está crescendo rapidamente e precisamos desesperadamente de mais dados para entender o impacto e orientar melhor os órgãos ambientais e as políticas públicas”.

“Essa tecnologia está crescendo rapidamente e precisamos desesperadamente de mais dados para entender o impacto e orientar melhor os órgãos ambientais e as políticas públicas”, disse ela.

Por um lado, a cobertura estendida do painel pode bloquear a luz na água, disse Nobre, e alterar os padrões de alimentação e reprodução das algas, levando ao esgotamento do oxigênio no lago e impactos em cascata em todo o ecossistema, prejudicando a pesca local e outros animais selvagens.

Outra possibilidade é que os painéis possam interromper a troca de gases de efeito estufa como o metano entre a água e a atmosfera, potencialmente compensando os benefícios da descarbonização. Mas as consequências reais são imprevisíveis sem estudos e provavelmente irão variar de acordo com diferentes designs de painéis, coberturas de áreas e paisagens, apontaram os dois cientistas.

“Precisamos adotar uma abordagem preventiva”, disse Almeida. “Por um lado, não podemos colocar muitos obstáculos no caminho desse setor potencialmente importante para avançar, mas, por outro lado, precisamos entender os trade-offs e preencher nossas lacunas de conhecimento existentes com mais estudos.”

—Sofia Moutinho (@sofiamoutinhoBR), escritor de ciência

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Citação: Moutinho, S. (2022), Poderiam os Painéis Solares Flutuantes Ajudar a Mitigar as Alterações Climáticas?, Eos, 103, https://doi.org/10.1029/2022EO220558. Lançado em 9 de dezembro de 2022.
Texto © 2022. Os autores. CC BY-NC-ND 3.0
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By Carlos Jorge

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