A autarca de Almada, Inês de Medeiros, defendeu na SIC Notícias que as declarações na Assembleia Pública Ordinária da Câmara Municipal de Almada foram retiradas do contexto e criticou a posição da esquerda ao sugerir que os bairros sociais são apenas para pobres.
“Acho muito estranho que as pessoas que afirmam ser de esquerda pensem que não pode haver pessoas como eu ou como você [o jornalista] moram próximos à habitação social porque têm um conceito de habitação social que deve ser sempre miserável e isolado ”, disse o presidente eleito pelo Partido Socialista.
O presidente de Almada garante que não se importaria de viver num dos bairros sociais: tem “uma vista invejável”
Inês de Medeiros, que disse que “ia viver amanhã para o Bairro Amarelo”, o bairro social do Monte da Caparica, insiste que “não há lugar para viver para os pobres e lugar para viver para os ricos” e não considera suas palavras desrespeitosas aos moradores do bairro, “muito pelo contrário”. O presidente ainda deixa uma “palavra de grande reconhecimento” aos moradores: “As pessoas têm amor pelo bairro, cuidado com o bairro e participação cívica e cidadã”.
A vista é “maravilhosa”, o resto é pior. Reportagem no Bairro Amarelo após polêmica com Inês de Medeiros
A respeito do ocorrido durante a reunião pública, Inês de Medeiros afirma que as suas sentenças foram em resposta à intervenção do vereador em substituição do Bloco de Esquerda. O partido manifestou-se contra a construção de um hotel de cinco estrelas e votou contra a “alteração simplificada da Reserva Ecológica Nacional de Porto Brandão”, na zona do Lazareto – que acabou por ser aprovada pelos outros partidos.
Inês de Medeiros reage à polêmica dos bairros sociais. As declarações foram “fora do contexto”
O vereador do BE disse, segundo o presidente, que “Era importante ter projetos para pessoas em ‘lugares bonitos’”. Daí Inês de Medeiros responder com uma “vista invejável”. “Eu apenas parabenizei que esses bairros IHRU foram criados [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana] em uma área nobre da cidade, com uma bela vista ”. O presidente chegou a parabenizar quem, na década de 1970, iniciou o projeto que seria concluído em 1987.
A defender mais uma vez a iniciativa privada em Porto Brandão, no antigo Asilo 28 de Maio, Inês de Medeiros afirma que “o grande investimento que se prevê fazer neste edifício vai trazer muito emprego e muito dinamismo económico à a municipalidade”. E aí ele vê uma forma de resposta social às necessidades dos moradores do Bairro Amarelo. Isso porque a manutenção das casas, grande reclamação dos moradores, é de responsabilidade do IHRU e não do município, afirma o prefeito.
Com o instituto, o município fechou outra modalidade de contrato: a construção de 3,5 mil novas moradias. “Assinamos um convênio com o IHRU para aquela área, que é uma área onde a cidade vai crescer. Não tem gueto, é o contrário, é uma área nobre“, Diz Inês de Medeiros. “Felizmente, o Bairro Amarelo, o Bairro Branco e o Bairro Cor-de-rosa estão em lugares onde é possível criar cidades, não ser guetos, para criar miscigenação e acabar com uma espécie de discriminação e abandono dessas populações.”
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