Quebrada Tech

Cena de “Cartas para o futuro”, com depoimento de Jacir Amaro, do bairro Jardim Piracuama, sul de São Paulo (reprodução)

O que acontecerá com o novo mundo? O site “Cartas para o Futuro” aborda essa preocupação sob a perspectiva e a experiência de moradores de países periféricos que afirmam ter um futuro quebrado em uma pós-pandemia. Nas mídias sociais, a Fluxo Imagens, produtora da série, promove oficinas que incentivam a personalização de equipamentos como telefones celulares em busca de soluções criativas para garantir a necessidade de material caro para a produção audiovisual.

Por Tamires Rodrigues

Distribui o canal do fabricante Imagens de fluxo na IGTV, o site “Poster for the Future” chama a atenção pelo realismo do roteiro e pela sinceridade dos personagens sobre as perspectivas da pós-pandemia, momento ainda incerto e cheio de incertezas relacionadas às condições de vida e, em grande parte, às novas culturas.

Dado o cenário de insegurança causado pela pandemia de Covide-19, o site tenta mostrar o pensamento dos moradores de Quebrade. “Decidimos perguntar às pessoas comuns o que elas acham do futuro e deixamos uma mensagem do passado para o futuro”, diz Maxuel Melo, diretor de fotografia e um dos fundadores da empresa.

Segundo Melow, o objetivo é criar um registro atual para que ele seja eternizado em nossa memória, colocando o sujeito da periferia como protagonista dessa história.

Retratar e enfatizar a sabedoria dos habitantes da periferia são os pontos de partida para uma produtora dedicada às gravações audiovisuais. “Entendemos que todas essas pessoas têm conhecimento, uma opinião que também vale a pena. Precisa ser demonstrada”, diz ele.

A escolha de cada personagem tem uma relação conceitual com o fato de o morador de Quebrade ainda não ter um papel merecido no cenário da produção audiovisual brasileira. “Quando você é criança, não se identifica com nada, os heróis não se parecem conosco. A TV não se parece conosco, a garota da novela não se parece conosco. Nosso cabelo é diferente, nossa pele é diferente, falamos de forma diferente. Portanto, é importante identificar É por isso que é tão importante colocar os habitantes da periferia como protagonistas, porque eles se parecem conosco “, diz Melo.

Experiências audiovisuais

A empresa de produção projetou a câmera Cybershot na mão de Maxuel e seu irmão Marcelino. Com pouca referência a obras e conceitos audiovisuais, jovens residentes de Campo Limpo, sul de São Paulo, começaram a contar histórias de artistas locais para democratizar a produção audiovisual em Quebrada.

“Quando começamos a nos engajar e tentar nos conectar cada vez mais com esse universo, conhecemos criadores e criadores que nos permitiram assinar trabalhos com artistas cada vez mais conceituados. E sempre preservando suas raízes”, diz Melo.

Com oito anos de existência, o produtor busca apresentar à periferia um novo visual, não apenas em termos de narração, mas também na produção de tecnologias próprias.

Nesse momento da pandemia, a Fluxo Images firmou parceria com uma fábrica de cultura em São Paulo, afiliada à Secretaria de Estado da Cultura, para gravar livros didáticos que ensinam a produção de componentes que aumentam a capacidade de capturar e fotografar com celular, misturando o conhecimento profissional aplicado no cinema com as ferramentas Smartphone.

Uma das oficinas ensina como transformar Câmera telefone na lente para criar fotos macro usando apenas uma gota de água. “Decidi falar sobre tópicos simples, fáceis de explicar, e em casa são fáceis de fazer, infelizmente usando esse período de isolamento que estamos passando”, diz Melo.

Maxuel Melo prepara oficina para criação de lentes macro para câmeras de celulares com uma gota d’água (Marcelino Melo)

“Sabemos que o idioma trazido pelos professores não é o idioma que a periferia fala. Portanto, a idéia era trazer algo com um idioma mais local e mais periférico que todos possam entender. No vídeo, pensei muito em crianças e jovens”, acrescenta.

Muitos jovens de Quebrada perguntaram redes sociais da Fluxo Imagens e Melo comentaram um guia para tirar fotos macro com uma gota d’água, e uma delas é Alexia Lara, moradora da favela do Guian, localizada em Jabaquara, sul de São Paulo.

Lara ficou feliz em enfrentar esse tipo de conteúdo em um momento em que não há informações positivas. Ela diz que já estava gravando seus vídeos, mas não estava ciente do enorme potencial que poderia encontrar usando seu telefone celular. “Eu pensei que só conseguiria um bom resultado se tivesse uma câmera e iluminação profissionais, coisas que não estão disponíveis para todos, especialmente neste momento. Acredito que muitas pessoas acabam caindo nessa lógica e não percebem o potencial dos telefones celulares”. , Ele diz.

Ele diz que já pode sentir a evolução de seu trabalho aplicando o conhecimento adquirido no workshop. “Também senti uma evolução ao registrar meus processos e, portanto, ao alcance e à apreciação do meu trabalho nas redes sociais”.

Melo defende a importância da informação que cria inspiração e identificação com as pessoas. “Dá muito reforço ver que você bateu em alguém. O tempo todo de estudá-lo fazia sentido, porque eu realmente acredito que a informação deveria ter sido transmitida”.

Outro morador de Quebrada, feliz e surpreso com as lições aprendidas na oficina, foi Dalila Ferreira, moradora do Jardim São Luís, na parte sul da cidade. Ele reconheceu que o livro, além de criativo, também expandia seu conhecimento técnico em áudio-visual. “Nesta era de quarentena, estamos lidando com tempo livre e produtividade, no entanto, decidi ver coisas novas e o resultado foi melhor do que imaginava. Sou leigo em termos audiovisuais, estava com um pouco de medo de não entender, mas entendi tudo, até tentei em casa “.

Nesse momento de distância social, o produtor diz que o foco está em reconectar as pessoas por meio da tecnologia. “Só podemos usar a tecnologia que está em nossas mãos todos os dias para, de alguma forma, nos reconectar com as pessoas que amamos”.

By Carlos Eduardo

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