A um ano do fim do mandato, a reeleição do Secretário-Geral das Nações Unidas parece cada vez mais difícil. Até agora, apenas o egípcio Boutros-Ghali não foi reconduzido. A ONU está em dificuldades financeiras e os Estados Unidos não estão satisfeitos com os responsáveis, incluindo portugueses. Mas as eleições americanas ainda podem mudar o quadro.
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Tem sido um ano particularmente difícil para o Secretário-Geral das Nações Unidas, como António Guterres tem vindo a descobrir. Em uma organização na qual os EUA têm um peso enorme, com direito de veto no Conselho de Segurança, onde são os maiores contribuintes financeiros, mas também os maiores devedores, o secretário-geral se vê tendo que mediar um confronto cada vez mais de acesso entre Washington e Pequim, com a pandemia como arma de arremesso.
Na comemoração do 75º aniversário da ONU nesta terça-feira, Guterres não deixou de criticar a direita populista, em uma farpa dirigida a líderes como Donald Trump. É verdade que, dependendo do resultado das eleições americanas, que já são em 3 de novembro, Guterres terá que lidar com um presidente dos EUA mais (Joe Biden) ou menos (Trump) favorável.
“O populismo e o nacionalismo falharam. Essas abordagens para conter o vírus muitas vezes tornaram as coisas claramente piores ”, acusou Guterres. Ao ouvi-lo, é difícil não lembrar que seu mandato termina um ano. E que, embora praticamente todos os secretários-gerais da ONU tenham sido reeleitos, há precedente para um veto dos Estados Unidos: foi o caso do egípcio Boutros Boutros-Ghali, em 1996.
“Se uma vitória de Joe Biden trará um presidente dos EUA mais solidário com a lógica multilateral e global das Nações Unidas e seu secretário-geral, isso não significa que os EUA com Donald Trump queiram adotar uma atitude extremada”, avisa José Teixeira Fernandes, investigador do Instituto Português de Relações Internacionais (IPRI-NOVA), em comentário ao SOL, lembrando que Guterres “vem de um país europeu / ocidental, que é um país amigo e tradicionalmente próximo dos EUA”.
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