Estudo identifica os principais influenciadores científicos no Twitter em 2020
Em um ano marcado pela pandemia, a ciência ganhou proporções sem precedentes na mídia e nas redes sociais. Entre desinformação e notícias falsas no que diz respeito ao coronavírus e às vacinas, as autoridades científicas têm assumido um papel essencial na comunicação de informações à população leiga. Agora, um novo relatório revelou quais foram as principais vozes da ciência no Twitter.
Desenvolvido pelo projeto Science Pulse em parceria com Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados (IBPAD), o documento foi divulgado nesta segunda-feira (14) e analisou a rede de interações entre 1.200 perfis no Twitter para listar os mais relevantes influenciadores da área, entre cientistas, instituições, revistas e outros comunicadores científicos. No total, 11.678 interações foram mapeadas.
No topo dos perfis principais está o biólogo Átila Iamarino (@oatila), um divulgador científico com mais de um milhão de seguidores. Virologista, Átila já atuava na divulgação científica antes da pandemia, principalmente no YouTube – e se tornou uma das principais vozes comentando a Covid-19 nas redes sociais nos primeiros meses do ano. A próxima da lista é a jornalista Luiza Caires (@ luizacaires3), jornalista e editor de ciências do Jornal da USP, que também trabalha com postagens informativas sobre diversos assuntos científicos.
Otavio Ranzani (@tavio_ranzani), epidemiologista, está em terceiro lugar, seguida por Mellanie Fontes-Dutra (@mellziland), pesquisa biomédica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Por fim, o cardiologista e professor Marcio S Bittencourt (@MBittencourtMD) ocupa a quinta posição.
O relatório mostra que “as vozes mais influentes sobre a Covid-19 no Twitter são os profissionais que utilizam a rede com o objetivo claro de divulgação científica”, ou seja, com o intuito de informar o público em geral sobre assuntos científicos, em linguagem acessível. Além disso, “quase todos os principais influenciadores também usam outros espaços para compartilhar conteúdo científico (site, blog, youtube, etc.)”
Os principais influenciadores foram selecionados segundo critérios de autoridade, articulação na rede e popularidade (sendo esta última decisiva no caso de empate). A métrica “autoridade” demonstra quais são os perfis centrais na divulgação das informações na rede e, portanto, os mais respeitados ou prestigiados. A “Articulação” avalia quais perfis formam pontes entre os diferentes grupos, tendo assim uma maior capacidade de difusão de mensagens. Já a “popularidade” reflete o alcance possível de um determinado perfil na rede – ou seja, diz respeito ao seu número de seguidores.
“Quando há muita informação – e, pior, desinformação – nas redes sociais, é importante ter cientistas, especialistas e comunicadores de ciência que tenham o reconhecimento de seus pares. É isso que o estudo nos mostra ”, explica Sérgio Spagnuolo, jornalista e coordenador do Science Pulse, projeto de monitoramento de redes sociais voltado para a ciência.
Spagnuolo explica ainda que o ranking não é definitivo e absoluto sobre a comunicação científica em redes. “Devido aos critérios metodológicos adotados, muitos cientistas, especialistas e organizações renomados não entraram no Top 5, o que não significa que nossa lista pare por aí. Cientistas gostam Natalia Pasternak e Paulo Lotufo têm muita autoridade nas redes, enquanto os professores Thomas Conti e Marcia castro eles têm uma boa articulação entre seus pares e isso só mostra como a comunidade de influenciadores da ciência se desenvolveu muito no Brasil este ano ”, afirma.
Outros nomes de peso
Além dos 5 maiores influenciadores nacionais, o estudo identificou nomes importantes no cenário internacional. Nesse sentido, os perfis do médico se destacam Eric Topol, (@EricTopol), da bioestatística Natalie E. Dean, PhD (@nataliexdean), o epidemiologista Michael Mina (@michaelmina_lab), o médico Carlos del Rio (@ CarlosdelRio7) e a epidemiologista da OMS Maria Van Kerkhove (@mvankerkhove) – todos operam nos Estados Unidos. Ao analisar o critério de autoridade única, o diretor da Organização Mundial da Saúde Tedros Adhanom Ghebreyesus (@DrTedros) lidera como a maior voz global.
Em termos de instituições nacionais e internacionais, o destaque fica por conta do perfil da Universidade de São Paulo (@usponline) como articulador popular no Brasil, além da Ufes (@oficial), UFMG (@ufmg) e UFSC (@UFSC); Instituições externas incluem a Organização Mundial da Saúde (@QUEM), várias universidades como Stanford, Harvard, Princeton, Oxford, Cambridge está em Johns Hopkins. Este último ficou famoso por criar o rastreador de casos Covid-19 líder global mesmo no início da pandemia, amplamente utilizado em todo o mundo. Revistas científicas como The Lancet, Natureza e Ciência também se destacam.
Você pode verificar todos os nomes mencionados e compreender os detalhes metodológicos baixando o relatório completo aqui.