A estudante de medicina brasileira Camila Verônica Souza Freire está ajudando a pesquisar como a “infodemia” na ciência está relacionada aos surtos biológicos ao analisar o comportamento do ecossistema de publicações científicas durante a pandemia de Covid-19.
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Freire, atualmente estudante de medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública e pesquisador em estágio inicial do Grupo Brasileiro de Pesquisa em Metaciências (BMRG), diz que houve um dilúvio de pesquisas durante a pandemia e com a riqueza de publicações, foi difícil para ver se a pesquisa de alta qualidade foi realizada.
“Globalmente, estávamos lutando contra um dilúvio de evidências de baixa qualidade”, diz ela, acrescentando que o projeto do qual ela faz parte no BMRG se concentra na análise de artigos publicados de um ano para ver o que acontece com a quantidade e a qualidade ocorridas.
O que o projeto de infodemia do COVID, liderado por Gabriel de Araújo Grisi e João de Deus Barreto Segundo, descobriu que infodemy não era apenas um jargão da mídia, era real.
“Nessa emergência, ficamos com a ideia errada de que precisamos diminuir o rigor, por exemplo, o processo de revisão dos papéis da Covid-19 é mais rápido.”
“Foi interessante ver quantas publicações saíram durante a pandemia e como isso pode ter afetado a política de saúde”, diz ela, acrescentando, junto com o contexto político no Brasil, a epidemia baseada em notícias falsas e ações problemáticas do governo federal em evidências de baixa qualidade, foi fundamental para promover uma melhor compreensão do comportamento dessas publicações.
Paixão pela medicina baseada em evidências
Freire cresceu em Salvador, Bahia, e diz que o avô dela estimulava a curiosidade pelo mundo.
“Mesmo que meu avô não fosse um acadêmico, ele sempre me fazia perguntas sobre o mundo, o universo e como as coisas funcionam”, diz ela. “Ele realmente acreditava que eu era a criança mais inteligente do mundo … não é verdade, mas muito amável da parte dele. “
Ela diz que isso a levou à decisão de se formar em ciências, tecnologia, engenharia, matemática e medicina. No final, ela escolheu a medicina, mas tinha certeza de que a pesquisa seria o caminho que ela queria seguir.
Freire diz que seu mentor Luis Cláudio Correia, que também é assessor do projeto Meta-Ciência, a ajudou a “visualizar a ciência com propósito” e a aprender o valor da comunicação científica.
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Ela diz que pesquisadores de países em desenvolvimento e de baixa renda enfrentam desigualdades, menos incentivos e menos oportunidades de trabalhar na ciência dentro de sua própria localização geográfica e, especialmente, em centros científicos de importância global.
“Há evidências de que a pesquisa do Sul Global está sendo vista com viés por pesquisadores, médicos e instituições ao redor do mundo”, diz ela.
Freire diz que mulheres pesquisadoras em todo o mundo se esforçam pelas mesmas condições, oportunidades e relevância, e que os desafios do Sul Global o tornam ainda mais desafiador.
“Mulheres pesquisadoras do Sul Global devem se esforçar para continuar seu trabalho, apesar do desânimo e das estatísticas de desigualdade de gênero na ciência que não estão diminuindo”, diz ela.
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Outra jovem brasileira que está fazendo a diferença é Ester Borges Santos, pesquisadora do think tank brasileiro Web Governance and Freedom of Expression InternetLab e professora de informática e coordenadora do Programa Minas.
Ela e seus colegas do Minas Programam visam empoderar jovens mulheres negras criando um grupo de estudos virtual acolhedor e inclusivo sobre gênero, raça e tecnologia.