Das onze ilhas ao continente – 31.05.2020. – Marcus Melo
No início do governo bolsonar, fiz duas suposições sobre o STF. A primeira foi que seu suposto hiperprotagonismo ainda estava por vir, pois era em grande parte um epifenômeno da agenda do governo e de eventos externos (escândalos de corrupção, etc.). Espera-se que a Suprema Corte desempenhe um papel importante no governo bolsonar. STF “.
Em outras palavras, veríamos que o programa iliberal do governo está contido, além do que Hirschl chamou de “julgamento da megapolítica”, que caracteriza os tribunais supremos das democracias de hoje. Assim, teríamos a normalização de nossa Suprema Corte. No espaço bolsonarista, com o fim da polarização que levou o STF a agir como um tribunal criminal, a crítica ao hiperprotagonismo passou por uma inversão radical, mudando seu signo ideológico.
O poder de veto do STF é evidente em várias frentes (MP com acesso limitado à lei da informação, nomeação de Alexander Ramage, comando da polícia federal, autonomia de estados e municípios em uma pandemia) e em tópicos e programas de ação do governo central (homofobia e racismo, etc.).
A segunda suposição que fiz foi que “observar o futuro parecerá um observador do futuro deixado no passado: o tribunal agirá de forma coesa pelo menos até a nomeação de Celso de Mello e do deputado Marco Auréli”. A rigor, por enquanto, não há surpresas na posição conjunta virtual dos ministros Luis Robert Barroso e Gilmar Mendes. Sem um conflito na agenda de atuar como um tribunal criminal e com um consenso razoável na área de conduta, a discordância permaneceu: inclui questões comuns de interpretação constitucional. O ativismo processual se torna inofensivo. 11 ilhas cederiam a um continente?
Em contrapartida, o exame de notícias falsas é um elemento dissonante da ação do STF no governo bolonar, no que se refere ao próprio tribunal e não diretamente à limitação do poder executivo ou a questões de conduta.
Foi instituído após uma decisão impopular da Suprema Corte sobre crimes eleitorais, um fundo partidário e uma prisão em segundo grau.
A reação do ministro Dias Toffoli também incluiu um incidente na revista Crusoé, em abril do mesmo ano, em meio a uma grande controvérsia.
Seu resultado – a abolição da censura – foi favorável ao tribunal. Desta vez não será uma solução fácil.