E às vezes uma barreira entre uma pintura e seu público contradiz o espírito da obra. Mabel Tapia, vice-diretora artística do Museu Reina Sofia, em Madri, disse que nunca deixaria o destaque desta coleção. Guernica, obra-prima antiguerra de Picasso de 1937 apresentado atrás do vidro. É “um símbolo de liberdade e de luta contra o fascismo”, acrescentou.
Tapia disse que recentemente realocou as forças de segurança para que pudessem se concentrar em trabalhos de alto nível – algo que ela costuma fazer em momentos de protesto – mas sentiu que não poderia fazer mais. “A única medida que realmente faria diferença seria fecharmos o museu”, disse Tapia, “e não faremos isso.” Os museus são lugares onde as pessoas se encontram para pensar sobre questões importantes, acrescentou. “Temos que mantê-los abertos.”
Não há “bala de prata” para lidar com os protestos, disse a seguradora Read. Os administradores do museu só esperavam que os manifestantes fossem um lembrete dos “liberais gentis de classe média” que estavam tomando medidas para evitar danos duradouros, acrescentou.
Florian Wagner, 30, o membro da Última Geração que jogou o composto preto na pintura de Klimt no Leopold Museum, disse por telefone que sabia antes do protesto que a obra estava protegida por vidro. Ele praticou a façanha cinco vezes em casa, disse ele, e está confiante de que não irá desfigurar a pintura. “Não estamos tentando destruir belas obras de arte”, disse Wagner, mas “chocar as pessoas” para que tomem medidas contra as mudanças climáticas.
Ele não realizará mais protestos, disse, acrescentando: “Acho que deixei meu ponto claro.” Mas ele disse ter certeza de que outros na Áustria e em toda a Europa o seguiriam. As ações só parariam, acrescentou, quando os governos “reagissem a esta crise”.
Elisabetta Povoledo contribuiu com reportagens de Roma.