O Dia Mundial da Psoríase, nesta quinta-feira (29), visa conscientizar sobre a doença não transmissível que causa sofrimento físico e psicológico

A psoríase é uma doença de pele crônica, autoimune e não contagiosa que afeta cerca de 2,6 milhões de brasileiros, segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). É caracterizada por placas vermelhas que se desprendem e em até 60% dos casos atinge também as articulações. Por afetar diretamente a aparência e ser cercada de preconceitos, também traz consequências para a autoestima, a vida social e aumenta o risco de transtornos psiquiátricos.

Segundo o dermatologista e psoríase Dimitri Luz, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e membro da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), a doença não tem causa bem definida, mas existe uma predisposição genética, que é fundamental fator, e influência de outros aspectos, como obesidade e tabagismo.

“Está escrito no DNA da pessoa que ela desenvolverá a doença. E quando ela entra em contato com alguns eventos desencadeadores, o sistema imunológico passa a produzir algumas substâncias químicas que causam inflamação”, explica.

“Uma pele que levaria 28 dias para se formar, no indivíduo com psoríase se forma em sete dias. É por isso que fica essa camada espessa”, destaca.

As partes do corpo mais afetadas pelas lesões são cotovelos, joelhos, couro cabeludo, unhas, palmas das mãos e plantas dos pés, segundo o Ministério da Saúde. “Às vezes as pessoas pensam que têm micose, mas não têm”, observa Luz.

“A doença piora quando há forte estresse psicológico, hábitos pouco saudáveis ​​e falta de exercícios”, completa.

Leia também: Entenda a psoríase, uma doença de pele que afeta o rosto de Kim Kardashian

O especialista diz que entre 47% e 60% dos pacientes com psoríase desenvolvem artrite psoriásica, quando a inflamação também atinge as articulações, causando dores fortes – inclusive na coluna. “Isso acontece depois que a psoríase está bem estabelecida, mas não é possível estabelecer um horário específico [para o surgimento]”, detalhes.

Maior risco de ataque cardíaco e distúrbios psiquiátricos

Segundo ele, a psoríase também aumenta o risco de desenvolver outras doenças, como infarto, diabetes, DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica) e distúrbios psiquiátricos.

Os danos à saúde mental e ao convívio social acabam sendo inevitáveis ​​diante do estigma que cerca a doença. “É difícil lembrar de um paciente que não teve sua vida mudada. Eles enfrentam preconceitos na rua. Às vezes ficam sentados no ônibus e a outra pessoa sai do lado dele. Eles recebem apelidos na escola. Na idade adulta, as pessoas ficam perguntando”. , exemplifica.

Por esses motivos, muitos tentam esconder os ferimentos e usam roupas quentes, mesmo no calor.

“Uma paciente que me marcou muito chorou na primeira consulta, porque achava que não tinha tratamento e, quando eu disse que estava com ela, que íamos tratá-la, ela se emocionou”, lembra Luz.

Avanços no tratamento

O dermatologista ressalta que, graças aos avanços terapêuticos, o panorama da doença mudou muito nas últimas duas décadas. “É uma das doenças mais estudadas. A cada ano acaba tendo um lançamento diferente. Tem muita coisa que surgiu este ano”.

Existem dois caminhos para o tratamento. As sessões de cabines de fototerapia são uma delas. “A pessoa entra nessa cabine e recebe um banho de luz ultravioleta”, descreve. “Mas nem todas as clínicas de fototerapia são confiáveis. É preciso procurar um médico vinculado ao SDB”, aconselha.

Além disso, é possível usar drogas injetáveis. “Os mais avançados são os imunobiológicos. No Brasil, temos nove tipos disponíveis, mas nem todos estão no SUS [Sistema Único de Saúde]”, diz Luz.

Leia também: Novo medicamento para psoríase é incorporado ao SUS

Segundo ele, os imunobiológicos são remédios que bloqueiam as substâncias inflamatórias liberadas no corpo pelo sistema imunológico – existe uma droga específica que atua diretamente em cada um.

By Gabriel Ana

"Passionate student. Twitter nerd. Avid bacon addict. Typical troublemaker. Thinker. Webaholic. Entrepreneur."

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *