BRASÍLIA, Brasil (AP) – O presidente Jair Bolsonaro assinou na segunda-feira um decreto para enviar soldados brasileiros à Amazônia para conter o aumento do desmatamento, apenas dois meses após a saída das tropas da região e dias após a renúncia de seu ministro do Meio Ambiente.

De acordo com a portaria publicada no Diário Oficial do país, os militares seguiriam para os estados do Pará, Amazonas, Mato Grosso e Rondônia até o final de agosto. Nenhuma informação foi dada sobre o número de tropas a serem destacadas e os custos da operação.

O vice-presidente Hamilton Mourão disse a repórteres no início deste mês que a implantação poderia ser estendida para além de dois meses, com o início da estação seca, quando as pessoas queimam florestas para limpar terras.

O desmatamento na Amazônia vem aumentando há vários anos, no entanto desde a eleição de Bolsonaro em 2018que repetidamente apelou para o desenvolvimento da floresta tropical. A destruição gerou protestos internacionais e, mais recentemente, um esforço do presidente dos Estados Unidos O governo de Joe Biden pede ao Bolsonaro que reprima a extração ilegal de madeira.

Esta é a terceira vez que Bolsonaro despacha tropas para a Amazônia depois de duas missões da “Operação Brasil Verde”, a última delas encerrada em abril. Milhares de soldados estiveram envolvidos em cada missão. Mesmo assim, especialistas ambientais disseram os militares estavam mal preparados e tinham eficácia limitada.

Segundo informações oficiais, o desmatamento na Amazônia brasileira atingiu um nível nunca visto desde 2008 em 2020.

E 98,9% do desmatamento apresentava indícios de ilegalidade, seja próximo a fontes, em áreas protegidas, seja sem a devida autorização, segundo dados divulgados neste mês pelo projeto MapBiomas, rede de entidades sem fins lucrativos, universidades e empresas de tecnologia que estuda o uso da terra no Brasil. . O órgão ambiental brasileiro multou apenas 5% desses casos, apurou o grupo.

Márcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, rede de entidades ambientalistas sem fins lucrativos, descreveu a recente operação militar como “controle da fumaça”, que permitirá ao governo combater o desmatamento. Ele observou que uma iniciativa anteriormente bem-sucedida em grande parte financiada pelos governos norueguês e alemão está em espera desde 2019.

“O governo tomou uma série de medidas que simplesmente destroem a capacidade de vigilância do estado, como a suspensão das sanções ambientais”, disse Astrini. Ele acrescentou que o regulador também parou de destruir máquinas usadas para extração ilegal de madeira.

O plano de Bolsonaro de enviar soldados vem como os EUA. O governo pediu que o desmatamento da Amazônia fosse interrompido para conter as mudanças climáticas. Bolsonaro disse que o Brasil não tinha recursos suficientes para fazer isso sozinho, apesar de ter no início deste século.

Os EUA deixaram claro que não estarão prontos para contribuir até que o Brasil tenha feito um progresso concreto que até agora não deu nenhum sinal. As negociações entre os EUA e o Ministério do Meio Ambiente do Brasil foram paralisadas, disseram três funcionários do governo brasileiro à Associated Press, falando sob condição de anonimato porque não tinham permissão para falar publicamente.

A decisão de enviar tropas visa em parte demonstrar as boas intenções do governo para com os EUA, acrescentou uma das autoridades.

Em 23 de junho, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles anunciou sua renúncia, renunciou ao cargo por causa de duras críticas a seu mandato e duas investigações sobre a suposta extração ilegal de madeira. Ele negou qualquer transgressão.

By Patricia Joca

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