Batida policial descobre réptil voador pré-histórico em condições excepcionais
O pesquisador Victor Beccari criou este delicioso modelo 3D do Tapejarid. “Embora não saibamos a cor do brasão, com certeza seria algo entre o vermelho e o marrom”, diz Beccari.
Victor Beccari
Um fóssil descoberto durante uma operação policial no Brasil mostrou ser um dos répteis voadores mais bem preservados encontrados até hoje, dizem os pesquisadores.
Os restos mortais pertencem a um tapejarídeo, um pterossauro desdentado do início do período Cretáceo, conhecido por sua enorme crista do crânio, feita em parte de osso e em parte de tecido mole. Crânios e esqueletos parciais de tapejarídeos brasileiros já apareceram, mas esse fóssil foi encontrado com mais de 90% de seu esqueleto intacto, junto com algum tecido mole ao redor dos ossos.
“Esse fóssil é especial porque é o pterossauro mais completo do Brasil e traz novas informações sobre a anatomia e ecologia desse animal”, diz Victor Beccari, coautor do Estudo da descoberta publicado quarta-feira no jornal de acesso aberto PLOS One.
A Polícia Federal brasileira encontrou o fóssil tapejarídeo enquanto investigava um comércio ilegal de fósseis em 2013. Eles tiraram 3.000 exemplares de armazéns nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro e os transferiram para o Instituto Geocientífico da Universidade de São Paulo por estude. Desde 1942, a lei brasileira classificou os fósseis como propriedade do Estado porque eles é considerada parte do patrimônio geológico do país e não pode ser vendido comercialmente.
Esta fita jarid pertence à espécie Tupandactylus navigansm e Beccari iniciou seus estudos em 2016 enquanto cursava ciências biológicas na Universidade de São Paulo. Lá ele examinou os ossos, que ainda estavam cobertos de sedimentos, por meio de tomografia computadorizada.
Os Pteossauros povoaram a Terra há apenas 66 milhões de anos. antes que um golpe fatal de asteróide acabasse com o reinado dos dinossauros, e isso já há 228 milhões de anos.
O réptil descrito no estudo veio originalmente da Formação Crato, na Bacia do Araripe, uma área rica em fósseis no Nordeste do Brasil que remonta ao Cretáceo há cerca de 115 milhões de anos. Os restos foram encontrados em seis placas de calcário amarelado perfeitamente complementares que se encaixam por meio de cortes retilíneos para apresentar uma imagem quase completa da criatura. Ele tinha uma envergadura de mais de 2,5 metros e 3,2 pés (1 metro) de altura, com a crista da cabeça representando surpreendentes 40% de sua altura.
Essa crista de cabeça considerável e pescoço relativamente longo, concluem os pesquisadores, pode ter restringido a criatura a voos de curta distância e forrageamento terrestre. Eles esperam que pesquisas futuras esclareçam mais sobre o desempenho de vôo, estilo de vida e ecossistema desses animais.
Tem sido um grande mês para os pterossauros, liderado por notícias sobre o “Dragão Temível” que aterrorizou os antigos céus australianos. Tim Richards, paleontólogo da Universidade de Queensland que estudou fósseis dessa criatura, ficou animado quando ouviu a notícia do pterossauro sul-americano.
“Uau, que descoberta”, diz Richards, que não esteve envolvido no estudo PLOS One. “Adquirir esta cópia é, sem dúvida, uma vitória para a ciência.”