O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, voltou, nesta terça-feira, a causar polêmica ao afirmar que o Brasil “deve deixar de ser um país de ‘maricas'”, referindo-se ao temor em torno da pandemia do covid-19.
“Agora tudo é uma pandemia. Esse negócio deve acabar. Sinto muito pelos mortos, sinto muito. Todos nós morreremos um dia. Não adianta fugir disso, fugir da realidade. [O Brasil] tem que deixar de ser um país de ‘maricas’ ”, disse Bolsonaro, em evento de turismo, organizado pelo governo federal.
“Olha que prato cheio para a imprensa, para o ‘abutre’ [expressão usada para adjetivar pessoas que desejam o mal de outros] isso está lá atrás [jornalistas]. Temos que lutar. Abra o peito, lute “, acrescentou o chefe de Estado, em mais uma crítica aos meios de comunicação, que acusa de denegrir a sua imagem.
No evento denominado “Retomada do Turismo”, Bolsonaro voltou a defender que a atual pandemia era “superdimensionada” e criticou os que mencionaram a possibilidade de uma segunda onda da doença no país sul-americano.
Desde o início da pandemia, Jair Bolsonaro mostrou-se muito cético quanto à gravidade da doença e se opôs ao isolamento social, chegando a declarar que o Brasil está entre os países que menos sofreram com a covid-19.
Porém, Brasil, com Com 212 milhões de habitantes, é o país de língua portuguesa mais afectado pela pandemia e um dos mais afectados do mundo, ao contabilizar o segundo número de mortes (mais de 5,6 milhões de casos e 162.628 mortes), depois dos Estados Unidos.
Dirigindo-se aos empresários do setor de turismo no Brasil, o presidente deplorou os prejuízos que a pandemia gerou no setor e culpou os impostos e decretos ambientais por prejudicarem os negócios do país.
“Você estava na tela [estado de rotura] nesta pandemia. Isso foi superdimensionado. A manchete de amanhã: ‘Ah, Bolsonaro não tem afeto, não tem sentimentos pelos que morreram’. Tenho sentimentos por todos que morreram. Mas [foi] oversized “, frisou o representante.
“O turismo parou e foi para a tela. Preocupo-me com os empresários do setor, mas tem muita coisa que não depende de mim, mas do parlamento e dos governos estaduais”, afirmou, criticando ainda o“ excesso de normas e impostos ”que incide no setor.
A receita do turismo no Brasil, um dos setores mais afetados pela pandemia de covid-19, caiu 33,6% entre janeiro e agosto deste ano, em comparação com o mesmo período de 2019, segundo levantamento divulgado no mês passado.
O levantamento, realizado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostra que o resultado negativo se deve principalmente a queda de 68,8% em viagens aéreas e de 43,2% em hospedagem e restaurantes.
A pandemia covid-19 causou pelo menos 1.263.890 mortes em mais de 50,9 milhões de casos de infecção em todo o mundo, de acordo com um relatório da agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detectado no final de dezembro de 2019 em Wuhan, uma cidade no centro da China.
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